Sei que noutra altura
Fui tua
E como nesta,
Noutra vida,
Fui pra rua.
É possível.
Eu sei que já te sonhei
Mas como tantas vezes,
Acordei e
não estavas mais nos meus olhos.
É possível.
Já estivemos aqui
Um no outro
Debaixo das estrelas
Alinhados pelas constelações
Que desenhaste nas minhas mãos.
À segunda, terça ou sábado
Ao sol e ao frio
À noite e à tarde
Já fizemos tudo isto.
Já estivemos aqui
Esta casa já foi nossa
Já desarrumámos os lençóis
E não fizemos a cama durante 3 dias
E também já fechaste a porta
Sem te despedir…
Já levaste as malas mas aqui estão elas:
tão desfeitas como a minha alma.
Já recebi estas cartas
Que te eram endereçadas
E duvidei entre assinalar o quadrado
‘ausente’
‘desconhecido’.
Ou
‘encerrado’.
Já conheço o cheiro da tua ausência
Sob a minha cara deserta
Já sei a que sabe o jantar quando não és tu a
fazê-lo
Até sei engomar só a minha roupa.
É possível esquecer-te
Todas as outras foram tentativas
Falhadas
Talvez propositadas.
Somos uma série de nostalgias
E regressos que se vão embora.
Somos noções de como viver sem o outro
Que nunca se concretizam.
És inocente nas tuas saídas
Talvez eu seja a culpada das chegadas,
Mas estamos juntos na viagem.
É possível esquecer-te
Não seria o primeiro turno
Então
Porque é que desta vez
Parece tão longe?
Sem comentários:
Enviar um comentário