Eu queria dizer-te
que não sou mais um passo em falso,
que não sou outro percalço
no caminho que percorres descalço.
Eu queria dizer-te
que há uma saída daqueles becos só de ida,
para onde entras com a tua mente atraída.
Eu queria dizer-te
que a tua tristeza não é doença,
só um pouco de demência na aparência.
Eu queria dizer-te
que não faz mal tornares-te puzzle à luz da lua,
que não faz mal seres desmontado nas metades
em que te partes - que te ajudo
a decifrares-te pela manhã.
Eu queria dizer-te
que nem a alvorada nem o orvalho
são mais bonitos que as lágrimas que guardas,
fechadas em caixas,
trancadas nas pestanas.
E se somos pedaços, quero ser o teu último - a partir de agora, somos inteiros.
Eu queria dizer-te
que essa melancolia te cai bem,
mas deixa-te no chão.
E sabes os segredos que não desvendas?
E sabes as dores que não revelas?
Eu sei que são mais de cem, e te deixam sem conta.
É verdade, eu sei,
a vida maltrata quem não convém,
mas ela não merece que desistas dela.
E sabes a tua bagunça?
Eu gosto de limpezas.
E sabes a tua loucura?
Eu gosto de esquemas.
de pensamentos erráticos,
de versos sintomáticos.
A tua tristeza é acolhedora,
mas não mores mais nela.
Eu posso ser o teu porto de amigo,
o teu ombro de abrigo.
Aceita a minha saída.
O bilhete é só de vinda...
olá Inês, bom dia
ResponderEliminarMuito bonito, parabéns!
bjs
TZ