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26 de dezembro de 2017

Tocaste no meu quarto - infectado.

Continuo a ver-te a dormir na minha cama,
como se ainda nos conhecêssemos.
Continuo a ver-te como a estranha que conhecia há muito tempo.

Tocaste nos meus sítios preferidos.
Tornaste-te um deles, até.

Estás nas minhas coisas,
nas minhas entranhas,
nas minhas falhas.

Estás em todos os quadrados do passeio.
Estás em todas as músicas que sei de cor.
Estás em todas as frases que leio.
Mesmo que não sejam sobre ti
- são sempre sobre ti.

Eu quero-me de volta.

Quero lábios novos para beijar outros amores.
Quero uma garganta que não esteja prestes a explodir a cada cinco segundos.
Quero um peito que não pese.
Quero uma vida leve.
Quero uma caixa de memórias vazia.

Estás em todo o lado.
Dóis(-me) demasiado.

Quero os meus recantos de volta.

Quero ir para casa.


"Today in science class I learn every cell in our entire body is replaced every seven years. How lovely it is to know that one day I'll have a body you have never touched." 




5 de dezembro de 2017

...e tudo o que posso dizer, é que tentei (tanto) aprender a amar-te.

15 de julho de 2017

Não sou eu quem está ali, 
mas um retrato parado 
de um momento eterno no tempo 
fugaz. 
Conservar em imagens o que transborda do visível. 
A vida tem pressa mas nós não. 
Demora-te. 
Estás bem aqui. 
Fica. 
Ou vai ficando 
– o que nos fizer melhor. 

Ser eterna enquanto der. 

1 de julho de 2017

Us & Them

We are the kids that guide their way home through the moonlight.
We are the ones that crave for the bottom of bottles just to see if there’s any friendship back in there.
We are the child of divorced parents, of dying grandmothers, of eternal love affairs, of sunsets by the sea and conversations by the window.
In every cigarette we inhale, a story.
We force ourselves to sleep on roadtrips, knowing that whoever's on the wheel is driving too damn fast. 
But fast is the life sliding trough our hands, trying to escape its own destiny, and we want every part of it. 


We know how this life can hurt you – we have tackled pain right in the face and told it “come on, is that all you’ve got?”

And it is by a bit that this world hasn’t swallow us whole.

We have survived so much more than nine times, that cats would be embarrassed.
We have fell from such heights that nobody knows how we’re still standing on our feet. Our paws are wounded; our tails are shorter but our tales are still full of fairies.
Sometimes we even stretch our claws in the smell of danger.

But then… then we remember our softness and we climb into our bed and curl up into our dreams and fall asleep again just to vision them one more time. Just to know they are still there.
We let ourselves be kind. We let ourselves be weak – what’s the difference, anyway?
No. We are not weak. It takes courage to be kind, in a world where everything that revolves around you is trying to sharpen your razor.
It takes courage to be soft.

To give your hand to strangers instead of turning your back on them.
To hide our thorns and be vulnerable.
To be open.
To love them.
To let them love you. 
It is giving your blade to them, as if saying “it’s up to you now”. Kill me. Or love me. And then tell me what’s the difference.

We pick the best parts of our tragedy to fill blank pages. We take every naïve part of this soul and make it wider. We make poetry out of the people we’ve loved, even the ones who hurt us. Especially the ones who’ve hurt us.

We build bridges upon the sea that insists on flooding our way home.
And sometimes we dive, just to feel again how it’s like to touch the water.
We dive into the unknown, even with the lights off.
We have “trouble” amongst our names and we still ask for baptism.
We translate aching into passion – we wouldn’t know any other meaning.
Our numbness is so loud sometimes we can even feel it.
The movies we see are our hideaway, the books we inhale, our asylum. 
And friends, will always be our favorite place to visit.
We keep running in the wrong direction – someday we’ll reach home.
Have you heard the word “survivor”? It is written in our DNA.
And do you see this scar? 
It is where my heartbeat blows the loudest, a friendly reminder: you are still here.


You don’t have to say that we will survive this. 
We know we will. 
And we will never stop. 

4 de junho de 2017

#DiárioPerpétuo

E porque existes
o resto do mundo
não.

31 de março de 2017

Casas no Ar

Eu deixo-te ficar se me deixares ser - ser livre ao pé de alguém.
O normal é demente e o louco é sano
A sociedade não é de consumo, é de abuso
Aquele que não precisa de mais, um intruso.
As vozes gritam sem tempo de antena
dançamos com sons ocos entre odes a uma lua atenta
uma playlist de amor, escárnio e maldizer
que grita:
tira de mim o que precisas.
Não me alimento de substâncias,
Subsisto de violências, vivo de essências
Sempre precisei de ser consumida – até extinguir.

E se a vida é isto amor eu não quero mais, mas quero sempre mais de nada.
E se a vida é isto amor não me dês mais nada.
E se a vida é isto amor sê-me tudo e deixa-me ser nada.
Sou um nada que é tudo, o todo pela parte
A minha parte nunca foi mais que nada 
e o meu todo já partiu em tudo o que parte.
São metades em que me parto
Se na minha cara-metade estiver a metade que procuro,
Isso chega-me para ser arte.

As pessoas fogem de tudo e eu não sou exceção:
a minha sombra não me segue todo o dia,
o espelho desvia o olhar de antemão.

Fé de asas coladas, madrugadores de alvoradas
heróis de costas voltadas, amantes de cicatrizes vincadas
Não somos mais que almas desencontradas 
que se encontram nas palavras
Aliás, não somos mais que
Só somos.

Nem isso.
nem ser somos
- somos seres que nem sabemos ser.
Eu não sou, eu estou.
E na procura pelo que sou, vou estando,
tanto como na descoberta do estar, vou sendo.

11 de fevereiro de 2017

Para Ti

Desde que me escreveste que o percurso foi agitado. Física, mental e espiritualmente. Um carrossel cuja paisagem envolvente muda a toda a hora.

Sempre que acho que mudei (para melhor) faço algo que me relembra que ainda sou a mesma miúda perdida do ano passado. Não que isso seja com ações significativas, nem tão pouco semelhantes àquelas que foram do conhecimento geral. Não… nada de exposto, nada de físico sequer. Tão pouco de preocupante. É apenas um clicar na minha mente que me lembra que (ainda) não estou bem. Se calhar nunca vou estar – e se calhar isso é o certo. Se calhar a minha essência é esta: à deriva… às vezes à tona, às vezes no fundo. Com ondas de felicidade e com vagas de melancolia, com nuances de uma desmotivação e desinteresse que me fazem perguntar quem sou, onde está a Inês de antes, que fascinava as pessoas e as fazia ver em mim um potencial que agora não reconheço. Às vezes acho que a minha força ficou no chão daquele quintal. Mas depois lembro-me que eu saí de lá. Estou de pé – pelos outros, e mais recentemente, por mim. Tropeço às vezes, mas nunca sei se chego ou não a tombar.

A Alice… ela será sempre parte de mim. Havia uma Inês antes de haver Alice, mas não sei se haverá alguma vez outra vez apenas a Inês. Eu acho que não. Às vezes a Alice abraça-me com tanta força que me soa a sufoco, outras vezes, coabitamos pacificamente no mesmo corpo.

E tens razão quando dizes que o meu problema sempre foi de sensibilidade… aliás, é mais que isso, é uma fome inesgotável de experiência, uma luta pela liberdade que acho que nunca chego a ganhar. As dúvidas são idênticas, a vontade de fugir é tanta quanto antes. A necessidade de escape não fugiu. Apenas encontrei outras formas de me ausentar – mais saudáveis, menos perigosas. Escrever é uma delas. Manter-me ocupada. Fazer o máximo que consigo pelos outros. E não é máscara, não sou eu a fugir aos problemas. É terapia. É cura.

Continuo sem encontrar sentido para este mundo, para esta humanidade, para estas pessoas, e para esta Alma em que me metamorfoseio. A única resposta que encontro é que o problema não está na abordagem, mas na origem: nos pensamentos, os que pesam, os que não me deixam dormir, os que não me deixam estudar, os que não me deixam sossegar. Por algum motivo o Livro do Desassossego está sempre na minha mesa de cabeceira. Por algum motivo me sinto mais próxima da minha pessoa quando leio Pessoa. Sinceramente, acho que a resposta nunca chegará. A parte boa é que isso me mantém à procura. Talvez não seja tão errado assim.

Continuo a viver num mundo que me soa tão estranho quanto a ti. Não sei bem se vivo mais na fantasia ou na realidade, nem o que será menos doloroso. No entanto, isto não é uma carta triste. A felicidade é sobrevalorizada, de qualquer maneira, na minha ótica. É um sentimento como outro qualquer. Felicidade, tristeza, saudade, melancolia, entusiasmo, excitação… é tudo instantâneo, de curto prazo e todos estes aspectos devem ser vividos. Não quero estar feliz sempre. Mas vou sempre ter a personalidade contente vigiada por uma alma triste.

Há coisas que doem e vão doer sempre mas eu encontro beleza na tristeza. Danos colaterais. Por algum motivo continuo inconscientemente a rodear-me de pessoas que acho que posso salvar. Exausto da vida? Mesmo o meu tipo. A ansiedade acompanha-te à noite? Vamos ser amigos. Será que se os salvar a eles, liberto-me a mim? Ou acabo por sugar os problemas dos outros para o meu próprio núcleo, e com eles, a minha energia toda?

“A satisfação provém da luta.” Prometo continuar a lutar. E apesar de ir ao chão tantas vezes, vou manter o escudo baixo. Só assim se reconhecem amigos no lado que julgávamos inimigo. Vou manter o escudo baixo porque o que nos é desconhecido não tem de ser sinónimo de nocivo. Manter o espírito aberto ao que vier.

“O que se passou está bem…” nos dias em que lhe reconheço ensinamento. Crescimento. O que se passou está mal nos dias em que só vejo o dano que causei.
“O que eu sou está bem…” nos dias em que me aceito e reconheço. O que sou está mal quando deixo que a Alice tome posse integral e me tolde o discernimento.
“Ela está bem…” Ferida… pela vida… por mim, mas bem. Eu tento. Pagarei para sempre a dívida dos meus crimes, mas é uma fatura que me voluntario a restituir. Ela merece.

Há frio e quente. Há prazer e dor. Há certo e errado, mas as linhas são ténues. “Não sou bem nem mal, sempre fui só plural”. Somos o que somos, não somos o que fomos. Somos o que ainda não somos. Somos o quanto isso dói e somos o quanto isso nos faz feliz. Podemos não ser aquilo que ainda não somos, mas somos sempre mais aquilo que aspiramos a ser.

Sabes, há coisas más que acontecem e passam. Há outras que magoam todos os dias. Acho que aquele compasso de tempo se insere na segunda categoria. Ainda estou a aprender a lidar com isso, a toda a hora. Aliás, senão não estaria a escrever-te isto agora. O meu passado invade-me o presente e se por um lado, lamento, por outro, agradeço.

Às vezes sinto que as minhas escolhas me batem mais à porta do que as opções dos outros lhes batem às suas campainhas. Eu às vezes queria um dia sozinha em casa, sabes? 
Os meus erros relembram-me que existem cada vez que olho para as minhas cicatrizes. 
Os meus erros relembram-me que existem cada vez que não aguento mais de uma hora a andar. 
Os meus erros relembram-me que existem cada vez que não posso arranjar um emprego normal numa loja de roupa comum. 
Os meus erros relembram-me que existem cada vez que quero correr e não posso. 
E, nos dias maus, eu só queria ser uma pessoa normal – o que quer que seja que isso signifique. Só queria poder fazer o que toda a gente faz. Só queria pousar a cabeça na almofada à noite e não ter aquele dia de setembro a passar-me em revista à frente dos olhos, como uma história de embalar. Só queria dormir e não sonhar que estou a cair eternamente como a Alice no buraco. Só queria não escrever sobre isto a toda a hora, queria não falar disto a toda a hora mas nos dias maus eu não sei calar(-me).

Mas ao mesmo tempo… há sempre alguém a ouvir. Mas ao mesmo tempo… 
Os meus erros relembram-me que resisti. Os meus erros relembram-me que tive uma família que nunca saiu da minha cabeceira. 
Os meus erros relembram-me que tive amigos que viram tudo e não foram embora. 
Os meus erros relembram-me que conheci pessoas novas que, apesar de saberem a narrativa, não aceitam que ela seja de alguém como eu. Não é essa a Inês que eles veem. 
E nos dias bons eu não quero ser uma pessoa normal. Os meus erros relembram-me que podes começar de novo. Nos dias bons eu quero ser esta pessoa, esta Alma dorida neste corpo vencido, que se regenera na hora a seguir. E por mais que mudar de morada não deixe a casa que levo às costas lá atrás, deu-me um recomeço.

A Alice, não é nem o que eu gostava de ser, nem é o que eu sou. Ela continua a ser parte intrínseca de mim, quer eu queira, quer não. Mas não é o meu eu na totalidade, nem eu seria eu sem ela. Só assim sou fiel a mim mesma. Só assim sou real.

E portanto, quanto ao passado… há dias em que vivo nele. Mas noutros, nos em que ele apenas vive em mim, ele relembra-me que não devo tentar passar-lhe uma borracha por cima, mas sim escrevê-lo a caneta. Pois isto é só uma história e não A Minha História. Essa, ainda está a ser escrita. E um dia vou lê-la, e aperceber-me que já nem me lembrava dela…

E sim, a vida tem uma força infinita… Mas nós também…

Inês (& Alice)





13 de janeiro de 2017

Recuperação

O corpo está exausto mas a cabeça não descansa. Viver cansada, cansa. Mas então, já não tropeço nos declives das minhas reentrâncias. Entre coexistências perpendiculares, somos paralelos. Entre receitas basilares de felicidade – é assim que soa? 
O recomeço espiritual – sem títulos nem rótulos, tão-somente esperança. Compensar a divida da falta de confiança. Retribuir em dobro o saldo que fui acumulando na poupança. Curar os erros que trago de herança. É tempo de bonança… meu amor… é desta que os prós pesam mais na balança. 
Não fugir mais. Ensina-me a que sabe ficar. Talvez o que agora se passa se torne num contrapeso quando passar a passado. A contrariar tudo o que dói, tu. Por cada marca vincada, uma noite contigo. Por cada cigarro, uma nuvem de desabafo. Por cada copo de vinho, uma história insossa. Um dia conto a nossa. Por cada medo de me expor, um entregar-me a ti. Por cada hora passada a reflectir com a lua, outra encostada à tua companhia.  Atenua as minhas cicatrizes. Queria ser real outra vez. Ser menos Alice, mais Inês. Menos dormente, mais porquês. Não aceitar o peso na consciência como se pagasse renda. E não sei se é estigma, karma ou universo, quem sabe o mundo virado do avesso. Mas um dia destes ligo para as emergências a comunicar um desaparecimento: Socorro, perdi a Alice. E nunca mais a encontrar…