Acordo cedo e sinto-me bem. Não sei o dia mas é hora de ir. Vou
ao espelho descobrir os estragos que a noite e os lençóis fizeram no meu
aspeto, e meia hora depois, já os reparei. Debaixo do chuveiro lavei as crises
existenciais.
Sacudo o sono teimoso com um café quente e ponho-me ao
caminho. O autocarro é incerto mas leva-me ao pé do mar; e sei: era aqui que eu
tinha de estar. Sento-me junto dele, inspiro a sua serenidade, e o sol reflecte-se na minha cara em forma de sorriso anónimo.
É a
primeira vez em muitos dias em que a tua saudade não me afoga. Hoje não. Hoje é
dia de me manter à tona. E estou tão, tão alto. Estou calma – a contrariar a
rotina de todos À minha volta…Talvez esta sensação de quietude se desvaneça tão
rápida e subtilmente como uma onda na areia. Ou talvez a partir de agora as
minhas ondas atenuem, é, eu acho que a maré está a vazar. E, talvez...talvez... não te procure tanto, por te saber bem.
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