O desejo. Com toda a inocência. Anseio.
Tão humana.
A alma até, tua, entregue de bandeja.
Eu, que sempre fora tão minha.
Tu.
A cabeça ia para longe.
Encontrava (no tóxico) um lugar seguro.
Achei que o amor era feito do teu rosto.
Tinhas-me, alma e corpo.
E a cada dia mais, mergulhava.
Uma correspondência à vontade cósmica de me ausentar.
Uma simetria ao meu não pertencer aqui.
E então, afundava.
Depois. A vida acontece.
E,
Como quem teve tudo na mão,
Como quem sabia que não era seu,
Um colapso bonito e triste.
…os melhores são sempre.
E, amor,
quando alguém te tentar mudar,
por favor,
deixa.
Não insistas em ser erro.
Assim. Tempo. A vida a correr entre nós.
E então,
como quem põe a mão no bolso do casaco
que não usa há muito
deparo-me com os resíduos,
amor,
de um amor que não chegou a ser.
E face a face com os resquícios
de algo que nos pareceu propício,
mas revelou-se precipício,
vais olhar-me e desconhecer-me.
Eu vou ver-te, já esquecido.
Vês como nos tornámos melhores nas mãos de outras pessoas?
Mas, cancela o esquecimento – eu quero lembrar-te!
Lembrar,
para me relembrar,
que o meu lugar não é mais no fundo do mar.
Estou aqui há tanto que já fiz dele morada.
Mas eu não sou mais aquela que afunda…
Agora,
amor,
...agora...
sou a que flutua.
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