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2 de setembro de 2016

Insomnia

5 de Setembro. Ano passado. Agora, no presente, é isso mesmo: passado. Um rascunho da minha pessoa - estou a passar a folha a limpo. Fazer as correcções. Ajustar o tipo de letra. Ou de meta. Passo a passo. Tropeço no pretérito (im)perfeito, mas já não caio [eu ia...mas já não vou]. Afirmação negativa. Primeira pessoa do singular.

Um ano plural cheio de etiquetas nas costas, que agora arranco, uma a uma. Não me pertencem. Já não. Um ano que não apaga quem fui, mas molda quem sou. Um ano em que amanhã sou melhor. Se somos o resultado do que fizemos, o meu saldo é negativo... A parte boa da equação é que estou a descobrir as contas de somar.

Pouco ou nada escrevi sobre o assunto que tanto me escreve e descreve. Estranho em mim, que sempre encontrei na poesia, a companhia. Talvez a ausência de palavras seja sinónimo de que foi uma marca tão grande que nada mais há a dizer sobre ela. Apenas isso, apenas existe e não merece mais atenção que (toda) essa.

Diálogos preenchidos a dúvida: "Onde está a Inês que eu conheço?" - não sei. Se a vires, pergunta-lhe. Também gostava de a encontrar. "Não vais andar" - não faz mal, eu corro. "Não vais melhorar" - não faz mal, eu sobrevivo. "Vais ter dores" - que não me consomem. São o que resta quando tudo o resto some. São o que há quando a falta de amigos se descobre. São o que existe quando sou feita do teu nome. São o que tenho quando custa ver o horizonte. Alimento-me delas para me manter forte. 

À noite doem mais entre os lençóis frios, vazios. À noite dói mais porque estou tão cheia de mim. Eu não sei viver aqui. Não sei viver assim. Estou a aprender a estar em mim. Sempre gostei da mudança - viver no mesmo sítio cansa. 

Se a minha morada sou eu própria, está na hora de aprender a viver com a casa às costas. Pronta a partir. Eu só sei ir... Eu sempre soube só ir. Nunca aprendi a vir. Queria tanto saber voltar. Saber ser, saber estar. 

O mar é imenso e leva-me. A noite não tem fim e conserva-me. Fujo de mim mas a mim volto - menos eu, mais alguém. Eu sei... ser eu não significa ser ninguém. Eu nunca soube o que significa ser eu, tão pouco o que é ser alguém. Existo, resisto, subsisto. Sonhos frustrados, frustrações sonhadas. Braçadas dadas contra a corrente. No meu dia, o Sol  está sempre poente. Não aceito mais o poluente. Sou crente na crença de que já não posso encontrar a cura na doença. A minha dor é intensa. A falta de (c)alma, imensa... Mas o que quer que aconteça, a vontade de ultrapassar, ultrapassa. 

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