Se tudo o que somos, fosse guardado dentro de um carro e
posto ao caminho,
A esta hora éramos o veículo espetado contra o separador
central da EN 21
Que hoje de manhã ouvimos na rádio:
A previsão do nosso acidente...
Vislumbrei:
Uma mistura de excesso de mercadoria, condução perigosa
Chumbados no teste do balão.
Eles não sabem é que o nosso vício é bem mais letal
Que incidentes de álcool...
Não se vende em supermercados
Nem a menores de coração por estrear.
Memórias do banco de trás
Vislumbres do que ficou lá atrás
Essências ilícitas a embaciar o vidro:
Inspirares, suspirares
Pedaços de mim, bocados de ti
Estendidos no meio da estrada
Sem sinais de retorno.
Ainda assim e tão sem vida, a parar o trânsito;
é esse o nosso poder:
sermos muito mais do que algum dia iremos saber.
Tão mais destruídos antes do acidente
tão mais rasgados cá dentro,
do que a nossa pele aparenta no
exterior
Encontrei a resposta que fugiu de dentro da tua mão
Entrámos neste compromisso em contramão.